18 de jun. de 2008

Notas atrasadas

Apesar de bastante atrasado, gostaria de comentar alguns fatos da terrinha que me deixaram muito feliz.
Primeiro o Campeonato Brasileiro Feminino, ganho pela Joara Chaves, a quem tenho a felicidade de ter como amiga, apesar de longos períodos sem contato (o que é uma vergonha nesta época de Internet). Eu sempre tive uma profunda admiração pela família Chaves: a Joara, a Jussara, o Jaime, seus pais, a Bete e, agora, o Chico. Por algum motivo obscuro eles me adotaram como amigo e eu sempre me senti como se fosse da família na companhia deles. A primeira vez que classifiquei para a final do Campeonato Paulista, com 15 ou 16 anos, foi um desastre: fiz algo como 1/2 em 7 nas primeiras rodadas. Meu pai já perguntava por que eu insistia nesse jogo, meus amigos diziam que nos próximos torneios tudo iria melhorar, e eu, apesar de estar jogando bem, perdia todas as partidas e estava arrasado. A única pessoa a me levantar a moral e incentivar, dizendo pra ter paciência, que o torneio ainda tinha muitas rodadas, era o pai da Joara, seu José Chaves. Consegui me recuperar e me classifiquei para o Zonal Sul Brasileiro (SP, PR, SC e RS), que eram as semifinais para o Campeonato Brasileiro Absoluto. Lá eu fiquei em primeiro lugar, empatado com o Antonio Rocha, e consegui, na final, um sexto lugar, minha melhor classificação num Campeonato Brasileiro individual.
É, sem dúvida, motivo de felicidade que nossos ídolos sejam pessoas de caráter irrepreensível e tenham o sucesso que eles tiveram em suas carreiras, particularmente como enxadristas. O Jaime, enquanto jogava, era o grande rival do Sunyê, e a Jussara e a Joara, as jogadoras a serem batidas por todas as outras no Brasil, sempre servindo de referência. Acho que poucos atletas, em qualquer modalidade, têm o currículo dessas duas irmãs. A Jussara, se não me engano, é responsável pela primeira medalha de ouro de xadrez em eventos mundiais representando o Brasil (medalha de ouro na Olimpíada de Tessalônica - Grécia -9 pontos em 10, no terceiro tabuleiro). Várias lendas foram criadas em torno deles: o padrão de qualidade da família sempre foi altíssimo, e tudo que faziam era sempre perfeito. O Stacchini conta que uma vez, jogando um torneio, caiu o maior toró em São Paulo, e todos os jogadores chegaram completamente molhados, exceto o Jaime Chaves, que adentrou impecável no salão de jogos, mesmo sem capa ou guarda-chuva. Lenda urbana?
Voltando ao brasileiro feminino, deu pra ver, pelas matérias publicadas por quem esteve lá, que foi não só bem organizado como também feito com carinho. A classificação final, partidas e outros detalhes podem ser vistos aqui.
A equipe feminina que vai representar o Brasil tem um potencial enorme pois mescla jogadoras jovens com as mais experientes; porém, nenhuma delas é novata. E todas querem e podem brilhar. Se conseguirem se unir como se espera de uma equipe, certamente terão um grande resultado.