28 de nov. de 2009

JASC 2009


Interrompendo os posts sobre a semi final do Brasileiro Absoluto vou tentar dar um apanhado sobre o principal torneio de SC. Particularmente sobre a atuação de Joinville, minha cidade.

Dia 20 de novembro terminou a categoria masculina dos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) 2009 na cidade de Chapecó. Graças aos esforços do diretor da prova e presidente da FCX Gilson Chrestani escapamos de jogar em um lugar horrendo (segundo relatos de quem viu o local) e fomos parar em um simpático clube em uma área residencial próxima ao centro. O Gilson ainda não estava contente (ao contrário de outros dirigentes meio acomodados) já que havia pouco (nenhum) espaço para os espectadores e fomos então transferidos para uma linda e enorme sala de um centro cultural próximo. Ali havia tudo o que podíamos desejar: muito conforto, boa iluminação e até mesmo música clássica proporcionada pelo teatro existente no local, em que havia apresentações de balet. A música com frequência invadia o salão do xadrez mas, quem jogou no CXSP nos últimos anos sabe, não só podia ser muito pior mas, também, era bastante agradável.

A respeito de certas restrições, duas me incomodam muito (pra não ficar só fazendo elogios). A primeira delas diz respeito ao porte de celular. Parece que os árbitros ainda não perceberam que não é só o barulho que incomoda. Hoje existem programas de ponta como o FRITZ, por ex, que podem ser utilizados no próprio celular. Eu fico imaginando se, 20 anos atrás, a um jogador seria permitido ir ao banheiro levando consigo uma enciclopédia de xadrez, com a concordância do árbitro, garantindo que não a usaria.

Outra coisa que incomoda é não poder observar as partidas do feminino nos momentos em que o lance é do meu adversário. Me parece que dificilmente vai haver um grande número de jogadores invadindo o lado feminino ao mesmo tempo durante suas partidas. Se a preocupação for a de passar lance para alguém, convenhamos... é bem mais provável que venha de alguém de fora do tatame.

Isso posto, vamos falar das equipes. Como já é tradição, o nível dos jogadores não para de aumentar. Isso vem se somar ao, na minha opinião, é claro, saudável ato de se reforçar as equipes com jogadores de outras cidades e, principalmente, de outros estados. De que outra forma jogadores que raramente disputam torneios fora de SC, poderiam enfrentar os melhores jogadores do país, e ganhar? O impulso que um atleta pode tomar após conseguir um resultado desses é difícil de dimensionar. Todo ano surgem as conversas sobre eliminar ou dificultar a participação de jogadores de fora do estado. A meu ver isso é uma grande bobagem. A símples convivência com esses grandes jogadores na equipe pode alavancar a carreira dos jogadores locais. Desde que a cidade mantenha em atividade as "pratas da casa". Eu já cansei de ver os dois casos: as cidades apenas contratam os jogadores e ficam o resto do ano sem ter nenhuma atividade ou então não dão nenhuma oportunidade de desenvolvimento àqueles que tiveram contato com esses "estrangeiros".

Vamos agora aos destaques: já me desculpando antecipadamente pelas injustiças devido ao esquecimento involuntário, o grande nome do torneio foi o Fier, que só pôde jogar 3 partidas devido à sua participação no mundial na Russia. Veio direto daEspanha, jogou 3 rodadas e foi para a Sibéria. Por mais disposição que um jovem tenha, cedo ou tarde essas maratonas vão influir nos resultados(Fier perdeu para o Renan e empatou outra partida).

O outro grande nome foi o GM André Diamant (6 pontos em 7). No masculino as 3 principais equipes eram Joinville (Disconzi, Renan, Haroldo e Sílvio), Concordia (Fier, El DEbs, Molina e Alessandro Paulista) e Rio do Sul (Diamant, Aranha, Terao e G. Borges). O título ficou com Rio do Sul. Outras cidades tinham jogadores muito fortes como Charles Gauche, de Blumenau, Alfeu e Marcão, de Lages, Kaiser, de Itajaí, Sperb, de S.Bento, Godois de Tubarão, porém não tinham muita homogeneidade, o que refletiu nos resultados.

"Las partidas ganadas hay que ganar-las". Esse aforismo bem conhecido (Tartakover?) esteve bastante presente, ao menos nas minhas partidas, e refere-se à situação em que um jogador tem uma posição ganha mas por algum motivo não conseguiu o ponto. Em pelo menos duas partidas decisivas em que eu já contava com a vitória (na 6a e 7a rodadas) tive que me contentar com o empate:
Na primeira posição, já próximo das 6 horas de partida, mas ainda com 2 min no relógio eu já estava relaxado. Havia conseguido finalmente uma posição ganhadora. Estava apenas repassando as formas de ganho quando o meu rei estivesse na 6a fila junto com o peão. Ai ele jogou 1...Bc6 e eu repondi rápido com 2. Rb4 Bxa8 = . O choque foi tão grande que eu nem percebi qual peça ele tinha capturado.


Já na segunda posição, além da vitória deixei passar uma continuação consagradora: eu analisei
1. Txe6 Rxe6 2. Te1+ Rd5 3.Bb5 c4 4.De3 e ou dá mate ou ganha a dama. Ms na linha 1....fxe6 acoisa pegou. eu vi 2. Dg7+ Rd3 3. Be4+ Cd5 4.Txd5+! Rc6 (se 4...exd5 5.Dxf6++) 5. Txd7+ Rb6!
e eu não sabia como continuar. Se capturo a torre perco a dama e se capturo a Dama levo mate. Se não faço nada perco a torre. Eu desistia da linha mas voltava logo a ela "não é possível que não tenha nada aqui". Acabei jogando 1. Bc2. Na verdade tinha: a máquina rapidamente mostrou (após 5...Rb6) 6. Bc6! em que a torre está defendida e o bispo não pode ser capturado (se 6....Rxc6 7. Txc7+ e se 6. ...Dxc6 7.Tx d8. Como se não bastasse, aparecia uma segunda alternativa: 6. Txd8!! Dxg7 7. Tb8+ Ra5 8. Bc6! seguido de 9.b4+ e 10.Bb5+. Ao lado a posição após 8.Bc6 (análise) Se 10...Dg5 11.f4 Dh4 12.Bb7+ Rb6 13.Bf3+desc



(continua)

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