12 de jan. de 2009

Invadindo o recanto do capivara (parte 1)

Nestes últimos dias estive praticamente impossibilitado de estudar xadrez fora do computador já que minha mesa de xadrez ("...que eu construí com minhas próprias mãos", parafraseando Lincoln) estava sendo utilizada para fins mais nobres.. Apesar de usar muito mais o computador, é bem mais agradável o contato com as peças e os livros de verdade, todos ali ao alcance das mãos.
Hoje resolvi, finalmente, analisar uma posição (só espero que ele não se incomode muito, já que não pedi permissão) que eu já tinha visto há algum tempo no blog que dá título ao post que é de um dos visitantes mais assíduos deste blog, o Mário Sérgio, a quem não conheço pessoalmente, mas com quem aprendo muita coisa sobre xadrez.
Em um dos posts el apresenta a seguinte posição, resultado de uma partida amistosa (na verdade não muito pois um queria o fígado do outro) que durou 3 horas (fora o ""post morten") e, como no poema de Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Ricardo Reis) para aqueles guerreiros não importava o que se passava no mundo lá fora.

A posição, à primeira vista, está ganha para as brancas (peão a mais passado, Rei centralizado, Bispos de cores iguais e Peões isolados dos dois lados do tabuleiro, o que dificulta a defesa). Do lado das pretas temos uma grande harmonia entre Rei, Bispo e Peões que fazem uma barreira à entrada do Rei Branco.





As brancas traçaram o seguinte plano: "Os peões b6 e h6 impedem a invasão do rei pelas casas negras a5, c5 e g5. O bispo vigia as casas brancas e ataca o peão de h5, mantendo o bispo inimigo na defensiva. O rei permanece em e7 esperando o avanço do peão "f" até f6 (única forma de expulsa-lo) onde estará desprotegido
e poderá ser capturado. Depois basta sacrificar o bispo pelo peão da coluna "b" e o branco ficará apenas com o peão da torre e o bispo da cor errada."

Vamos ver o que aconteceu:51. Ke5 Be8 52. f4 Bf7 53. f5 Be8 54. f6+ Kf8
55. b5 Bf7 56. Kd6 Be8 57. Kc7 Kf7 58. Kxb6 Kxf6 59. Kc7 Bxb5 60. Bxb5 Kg7 1/2-1/2

Sem esquecer que foi uma partida séria mas amistosa, dá prá tirar algumas lições: a primeira é que jogar finais requer muita paciência. A segunda é que não dá pra se arrepender ao mover um peão: ao contrário das outras peças ele não volta!
s
Alguns comentários no blog :
"...acredito que seja empate, com um jogo correto por parte do bando negro.
Meus primeiro lance de Brancas seria: 1.Ke5 Bc6 2.f4 Ba4 3.Bg4 bb3 4.f5 Bc4 5.f6+ re8 6.Bf3 Bd3 6.Re6 Note o bispo branco é escravo da importante diagonal d1-h5. e como o bispo nào pode ajudar a aproximação do rei, creio em tablas.
Gabriel"

"Gabriel,
Nosso amigo do GDCX João Carlos Gatto fez uma análise com uma engine e insiste num ponto importante: as brancas não devem jogar b5. Ainda não olhei com calma, mas devo dizer que quando joguei a partida esse lance me facilitou a vida.
Mario Sérgio"

Comentário sobre os comentários: neste final, caso queiram ganhar, as brancas devem , no momento adequado, entregar algum material. Pode ser o Peão ou o próprio Bispo. Quando o Gabriel diz que o Bispo branco é escravo da diagonal d1h5 por ter que defender o peão comete um pequeno equívoco. Afinal a escravidão já foi abolida e nosso Bispo pode ter outras aspirações. Por outro lado, analisar um final com uma engine nem sempre funciona bem. As máquinas ainda tem alguma dificuldade com finais de partidas. Por outro lado o que a gente quer é não só saber se ganha (ou empata) mas, também, como se faz isso. (continua no próximo post)

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