14 de ago. de 2008

De volta ao Brasil

Depois de duas semanas em Terra Brasilis, tentando driblar a patroa que vociferava contra o abandono do blog, volto à lida tentando fazer um pequeno balanço dessa viagem de um ano aos Estados Unidos.
Vou falar primeiro de xadrez e depois do resto. Os EUA são uma terra ambígua em relação ao xadrez: por um lado o americano não tem muita motivação com jogos estáticos, como o xadrez. As partidas blitz são extremamente excitantes de assistir, mesmo que você não entenda patavina do jogo, mas não têm o componente fundamental, para o americano, que é a competição (leia-se torneio oficial). Aí a gente já não consegue enganar: competição são as partidas pensadas, que é como assistir a um torneio de yoga. Apesar de ser um esporte onde se usam as mãos (o que eles gostam), raramente se arremessam as peças ou se vê um jogador sair correndo (exceto para ir ao banheiro que por vezes fica bem longe). Por isso é difícil conseguir patrocínios ou exposição na mídia.
Por outro lado o contingente de outros países morando nos EUA é gigantesco, e os pais oriundos de nacões com larga tradição no xadrez, como a Índia por exemplo, se encarregam de disseminar o entusiasmo pela prática do jogo entre as crianças. Lá como cá os olhos puxados parecem ser a tônica entre as novas gerações de destaques.
Como os americanos não deixam uma oportunidade dessas passar em branco, existe uma quantidade enorme de torneios em todos os cantos do país, atraindo quantidades imensas de jogadores de todas as idades e níveis, o que garante a venda de livros, relógios e jogos de xadrez. A USCF (Federação de Xadrez dos Estados Unidos) tem uma participação muito ativa em todos os torneios. E, como é difícil o patrocínio e os americanos têm muita grana, as inscrições são bem caras.
Uma outra coisa é o valor enorme que eles dão ao rating. O americano tem que medir competência e faz isso usando o rating. Desde pequeno.
Isso posto, um pequeno balanço da minha experiência enxadrística nos States: joguei uns 6 ou 7 torneios abertos, em Chicago, Cincinnati, Filadélfia e Detroit. Tive bons resultados em Detroit (2o ao 4o lugar no aberto de Detroit), e um sexto lugar no Aberto de Chicago. Meu resultado mais importante foi a vitória sobre o MI Emory Tate, que era o convidado de honra do torneio na última rodada do Aberto de Detroit.
Minha maior decepção foi no World Open em Filadélfia. Mas isso é assunto para o próximo post.

3 comentários:

Xadrez Opinião disse...

É uma realidade interessante e totalmente oposta daquele que vemos no Brasil, a começar pela participação ativa da Federação nacional por lá e a ação antisséptica da nossa.
Afinal de contas, devemos ser muito melhor que eles!!!!!!

Blanco

Silvio Cunha Pereira disse...

No primeiro torneio que fui jogar tive que me filiar à Michigan Chess Assossiation ($20) e à USCF ($49). Só que lá a taxa vale por um ano e nao até o fim do no. E eu passei a receber mensalmente um exemplar da Chess Life.

lola aronovich disse...

E a patroa vociferou com razão, né? Ô bloguinho abandonado este aqui... Espero que vc esteja atualizando o coitado agora mesmo.